segunda-feira, 21 de março de 2011

PARA ONDE CAMINHA A ORTODONTIA?



PARA ONDE CAMINHA A ORTODONTIA?

Data: 27/02/2011 11:08:06
Se eu fizesse essa pergunta para você, o que você respoderia?
Cada profissional tem um pensamento e uma idéia do que está acontecendo na nossa profissão e para onde ela caminha.
Na verdade, temos vários caminhos: o científico, o clínico, o político, o econômico, o acadêmico, o tecnológico, o empresarial, etc...
Será que vamos conseguir diminuir o numero de cursos de pós-graduação? Vamos conseguir melhorar a qualidade dos cursos atuais? Vão haver mais verbas para pesquisas nas universidades? Vamos conseguir valorizar novamente a especialidade? Vamos conseguir que os ortodontistas cobrem pelos tratamentos o preço que eles realmente valem? O preço de alguns materiais vendidos no Brasil continuará sendo várias vezes mais caro que nos Estados Unidos? Etc.....
Como não tenho condição de avaliar todas essas importantes questões da nossa especialidade, vou me ater apenas à área científica. Para isso, avaliei detalhadamente a grade de palestras do próximo congresso da Associação Americana de Ortodontia (AAO) que acontecerá de 13 a 17 de maio de 2011 em Chicago.
Por que o congresso da AAO? Porque ele é o maior congresso mundial, com participação de cerca de 20 mil profissionais do mundo todo. Pode-se dizer que o que há novo está no AAO. Sem contar, que os mais renomados profissionais apresentam seus trabalhos lá.
Em quatro dias de congresso centenas de profissionais estarão apresentando conferências que durarão em média 40 minutos. Dividi as apresentações em 34 assuntos diferentes. E os que mais serão abordados são: ancoragem esquelética (mini-implantes e mini placas) com 24 apresentações; tomografia de feixe cônico com 12 apresentações; estética facial com 11 apresentações; diagnóstico com 11 apresentações; novas tecnologias (modelos digitais, scanner intra-oral, etc..) com 9 apresentações. As novas tendências emergentes são a movimentação dentária acelerada incluindo a corticotomia com 4 apresentações, a apnéia do sono com 5 apresentações, e o uso do Laser para pequenas cirurgias com 2 apresentações. Confira as apresentações no sitio http://www.aaomembers.org/mtgs/2011-AAO-Annual-Session.cfm
Na verdade, se compararmos com recentes congressos realizados no Brasil podemos afirmar que são os mesmos temas que temos visto por aqui. Talvez a corticotomia seja ainda uma novidade no Brasil, com poucos profissionais se aventurando nela. Transplantes dentários e engenharia tecidual também tem sido pouco explorados no Brasil.
As surpresas negativas ficaram por conta da recidiva com 3 apresentações e dos bráquetes autoligados com apenas uma apresentação. Na minha opinião deveriam haver mais conferências sobre a recidiva, pois é um dos maiores problemas que enfrentamos no dia a dia do consultório. E, com relação aos autoligados, parece que a empolgação inicial já acabou.
Um aspecto positivo para a Ortodontia brasileira é o numero de palestrantes verde amarelos, que serão de 14. Nos 10 congressos que participei desde 1995, nunca tinha visto tantos brasileiros como conferencistas. Isso mostra a evolução da nossa Ortodontia. Os palestrantes brasileiros serão: Kurt Faltin Jr., Daniela Garib, Bruno Gribel, Luiz Gandini, Airton Arruda, Guilherme Janson, Eustaquio Araujo, Marcos Lenza, Weber Ursi, Roberto Lima Filho, Martin Palomo, Lucia Cevidanes, Marcos Janson e José Augusto Miguel.
Além das conferências, há ainda as mesas clínicas, os painéis, as reuniões paralelas, sem contar no congresso que acontece simultaneamente para as auxiliares de consultório. Há palestras programadas para que o ortodontista assista junto com sua equipe.
Se você nunca foi, quando for verá que é imperdível. Além das palestras, a feira comercial é uma atração a parte, pois as mais importantes empresas de materiais ortodônticas participam com os mais recentes lançamentos. Não seria exagero dizer que você poderia passar facilmente os quatro dias na feira, vendo os novos lançamentos, conversando com os vendedores e especulando sobre as novas tendências. Com relação ainda sobre a feira, um fenômeno interessante que tem acontecido recentemente, é a invasão de pequenas empresas asiáticas, principalmente chinesas, vendendo produtos com um preço bem inferior, e de qualidade intermediária.
Isso também demonstra uma tendência das empresas de materiais, que é comprar fios, bráquetes e alicates feitos na Ásia e embalar no Brasil, colocando a sua logomarca. No último congresso da SPO podemos ver isso com um bráquete de safira fabricado na Coréia do Sul. Três empresas brasileiras estavam vendendo o mesmo bráquete, cada uma com a sua embalagem.
E qual a conclusão que se chega após essa avaliação?
1-    A ancoragem esquelética veio para ficar e mudar definitivamente os rumos da Ortodontia. O mundo todo esta trabalhando para achar os melhores protocolos para a sua utilização;
2-    A tomografia do feixe cônico, que parecia uma ficção científica até pouco tempo atrás, já está sendo incorporada como rotina em muitos consultórios e mudou a abordagem do diagnóstico na Ortodontia.
3-    A estética facial continua sendo o principal objetivo do tratamento ortodôntico. Por mais que busquemos as 6 chaves de Andrews, sem uma boa estética, elas não têm tanto valor;
4-    O ortodontista deverá estar preparado para utilizar a corticotomia e também para tratar pacientes com apnéia.
5-    Um ortodontista que terminou seu curso de pós-graduação há mais de 5 anos, provavelmente aprendeu muito pouco sobre a maioria dos tópicos discutidos acima. Isso significa que ele precisará se atualizar, seja, participando de congressos, fazendo cursos ou lendo revistas científicas.

Alexandre Moro